Tuberculose: a infecção mais mortal do mundo


  • Criado por: Adriana Diniz
  • Postado em: 28/08/2019

Muito antes de se tornar destino turístico badalado no inverno, a cidade paulista de Campos do Jordão cresceu e ganhou fama por abrigar pacientes com tuberculose. Desde a segunda metade do século 19, acreditava-se que o ar frio e puro de suas montanhas era o melhor tratamento contra o Mycobacterium tuberculosis, o bacilo de Koch, bactéria que invade os pulmões e provoca danos potencialmente fatais, além de sintomas bem desagradáveis.

Em poucas décadas, foram construídas casas de repouso grandes e luxuosas para atender os clientes ricos, enquanto os mais pobres eram acolhidos em sanatórios mantidos por associações de caridade. “O fluxo de pessoas aumentou tanto que o governo do estado de São Paulo construiu na década de 1910 uma linha de trem até o município, a pedido dos famosos médicos sanitaristas Victor Godinho e Emílio Ribas”, conta a historiadora Ana Enedi Prince, da Universidade do Vale do Paraíba (SP), autora de quatro livros sobre esse período.

Com o passar dos anos, a prática da chamada climaterapia, tão em voga em Campos do Jordão e outras localidades, como a Suíça, perdeu força pela falta de evidências sobre sua eficácia. Além disso, a chegada dos antibióticos, nos anos 1940, revolucionou de verdade esse campo da medicina e permitiu que os indivíduos acometidos fossem curados.

Porém, engana-se quem pensa que essa moléstia seja um assunto superado: em pleno século 21, 70 mil brasileiros continuam a ser diagnosticados todos os anos com a condição — sete pessoas a cada hora! Desses, 4 500 morrem. No mundo, são 10 milhões de casos a cada 12 meses e 1 milhão de óbitos. Números tão expressivos fazem da tuberculose o quadro infeccioso que mais mata no planeta.

 

Quem são as pessoas mais afetadas pela tuberculose?

Transmitida por meio de gotículas que saem da boca e do nariz, a tuberculose se espalha fácil: estima-se que o bacilo de Koch esteja presente nos pulmões de pelo menos um terço da humanidade. Mas por que alguns desenvolvem a doença e, em outros, ela permanece silenciosa?

“Isso está relacionado ao sistema imunológico de cada um. Quem não se alimenta bem, por exemplo, não responde à invasão de maneira adequada”, explica a epidemiologista Ethel Leonor Maciel, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Indígenas em situações precárias, indivíduos infectados com HIV sem tratamento adequado e pessoas privadas de liberdade ou em situação de rua estão sob risco muito maior de sofrer a pane respiratória.

A condição é frequente nos países mais pobres do globo. Ela se desenvolve justamente em favelas e cortiços, locais com pouca circulação do ar e grande concentração de habitantes. Quem mora nesses lugares pena com a falta de dinheiro para se alimentar e não tem um serviço de saúde de qualidade. Tanto é que pequenas melhorias na condição social já são decisivas para uma queda nos números.

 

Texto extraído do site https://saude.abril.com.br/medicina/tuberculose-a-infeccao-mais-mortal-do-mundo/