Valor cultural do grafite pode ser reconhecido em lei paranaense


  • Criado por: Adriana Diniz
  • Postado em: 29/08/2021

Enquanto os artistas Gustavo e Otavio Pandolfo, conhecidos como Os Gêmeos, criavam na fachada do Museu Oscar Niemeyer em Curitiba uma figura gigante segurando uma lata de spray em uma das mãos, e reunindo espectadores no gramado do museu para acompanhar o trabalho, outro artista, o curitibano Rimon Guimarães, que também tem obras espalhadas por prédios e muros do mundo todo, era abordado pela polícia durante a pintura de uma porta de metal em uma das ruas mais tradicionais da cidade, a São Francisco.

Segundo Rimon, ele foi interrompido por policiais da Guarda Municipal 2 vezes. Na primeira, eles apenas confirmaram a autorização do proprietário, mas da segunda vez, ele contou que a policial que o abordou pediu a confirmação de autorização e, quando ele mostrou que estava autorizado, disse que denunciaria o proprietário por ter permitido a ele pintar um patrimônio histórico. Lembrando que Rimon estava pintando uma porta de metal, daquelas de enrolar, incluída no prédio muitos anos depois de sua construção, e não a fachada.

O Brasil é berço de grafiteiros e muralistas de referência na arte urbana e Rimon avalia que houve um avanço na abertura da sociedade para este tipo de expressão artística, mas nos últimos anos, isso está regredindo. 

O artista lembra que a arte de rua se aproxima das pessoas e interrompe o dia a dia para promover reflexão e contemplação.

Agora, o grafite pode ter seu valor cultural reconhecido formalmente pela lei paranaense. A proposta, que tramita na Assembleia Legislativa, é do deputado Boca Aberta Júnior (PROS).  Apesar de abrir o debate no campo político, o projeto não traz ações específicas de fomento e proteção de obras, como a descrição indica. O texto apenas define que os trabalhos não podem ter conteúdo publicitário ou discriminatório.

Rimon considera que é importante que esse debate inclua a classe artística, que pode dar uma parâmetro mais realista das necessidades e dificuldades reais deste campo. 

Fonte - Amanda Yargas