O prefeito de Pinhalão, Sérgio Rodrigues (PDT), sabia do envolvimento de quatro funcionários municipais no desvio de combustíveis do pátio da prefeitura, seis meses antes de estourar a denúncia em redes sociais, mas não tomou providências para coibir a irregularidade. A informação foi apresentada por uma das testemunhas que depuseram na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada pela Câmara de Vereadores que investiga a denúncia de que servidores estariam desviando óleo diesel do barracão da prefeitura.

O caso repercutiu em toda região, principalmente depois que as postagens em redes sociais sobre as denúncias levaram o delegado de Tomazina, sede da comarca, Isaias Fernandes Machado, a abrir inquérito policial para apurar o caso. Quem registrou boletim de ocorrência (BO) na delegacia foi o próprio prefeito da cidade, Sérgio Rodrigues (PDT), acompanhado do presidente da Câmara de Vereadores, Anderson Cesar Lemes, o popular Andinho (MDB), sentindo-se atingidos pelas postagens.

Ontem à tarde o presidente da Câmara informou à reportagem que os vereadores conduzem o caso com o máximo equilíbrio e, assim que a comissão de inquérito concluir seu trabalho vai encaminhar os documentos ao Gepatria – Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa, do Ministério Público do Paraná, com sede em Santo Antônio da Platina.

Os nomes dos servidores que estariam desviando combustível do município já são conhecidos, mas Andinho preferiu não revelar suas identidades por questões éticas, já que a comissão ainda não concluiu as investigações. Faltam três pessoas para serem ouvidas. “Uma testemunha confirmou que o prefeito sabia dos desvios há, pelo menos, seis meses antes das postagens na internet. Não coloco em dúvida a idoneidade do Sérgio (Rodrigues), mas vejo omissão neste caso”, assinalou o vereador.

Em conversas com algumas lideranças da cidade, a reportagem apurou que os quatro servidores supostamente envolvidos no caso são das áreas de transporte, saúde, educação e do pátio da prefeitura, mas ninguém quis nominá-los.

Procurado pela reportagem em seu celular, no início da noite desta segunda-feira, o prefeito Sérgio Rodrigues não atendeu a ligação.

Conheça do caso

“Estão vendendo diesel barato em Pinhalão e quem está patrocinando é a prefeitura”, dizia uma das postagens nas redes sociais. O prefeito, em entrevista que concedeu à Tribuna do Vale dia 7 de março deste ano, disse que tomou conhecimento do caso dias antes e pediu a um assessor que fizesse cópias (prints) das postagens. De posse das provas das denúncias ele procurou a delegacia de Tomazina e registrou a denúncia, pedindo investigação.

Segundo o que a reportagem apurou, as postagens na internet sugerem que um funcionário da prefeitura e um suposto vereador estariam desviando óleo diesel dos tanques que a prefeitura mantém do barracão de máquinas e comercializando na cidade por dois reais o litro, cerca de 40% mais barato que o preço de mercado do combustível na época.

Por envolver a suposta participação de um vereador é que o presidente do Legislativo também pediu abertura de inquérito para investigar. Até que provem o contrário, os nove membros da Câmara aparecem como suspeitos, razão pela qual Andinho pede apuração rigorosa.

Este crime é previsto no Artigo 312 do Código Penal Brasileiro, que tipifica o peculato como “crime de apropriação por parte de funcionário público, de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou privado de que tenha a posse em razão do cargo, ou desviá-lo em proveito próprio ou alheio”.

Por: tanosite.com