Chuva ácida e poluição matam peixes no Rio Pirapó, em Maringá, diz IAP


  • Criado por: Adriana Diniz
  • Postado em: 07/07/2019

O aparecimento de centenas de peixes mortos em Maringá, norte do Paraná, nesta sexta-feira (29), é relacionado pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) à chuva que encerrou uma sequência de 38 dias de estiagem no município, na noite de quinta-feira (28).

Os peixes mortos, a maioria da espécie cascudo, apareceram às margens do Rio Pirapó, próximo à ponte da PR-317. O rio é responsável por cerca de 80% do abastecimento de água de Maringá.

Técnicos do IAP estiveram no local e solicitaram análise do pH (grau de acidez) da água. O órgão estadual descartou a hipótese de despejo de poluentes no rio.

"Com o tempo seco e a falta de chuva por mais de 30 dias, acabou ocorrendo um acúmulo de poluição. A chuva que chegou nesta sexta-feira acabou fazendo com que a poluição fosse toda para o rio, e foi a própria poluição difusa da cidade que ocasionou a morte dos peixes", informou o IAP.

De acordo com o pesquisador da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Gilberto Pavanelli, esse tipo de incidente não é improvável. "O acúmulo de insumos agrícolas, tanto tempo sem chover, junto com a chuva, podem ter matado os peixes", avalia.

A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) informou que o local onde ocorreu o aparecimento de peixes mortes fica quilômetros depois do ponto de captação para o abastecimento de Maringá. Ainda conforme a empresa, não foi encontrada alteração na água coletada.

 

Chuva ácida

 

A Defesa Civil do Paraná, na quarta-feira (27), emitiu alerta de que chuvas isoladas com concentração moderada de substâncias químicas chegariam na quinta-feira em algumas partes do estado.

Entre os principais responsáveis pelo acúmulo de poluentes na água, segundo a Defesa Civil, estão a estiagem de mais de 30 dias, os incêndios e a poluição causada por combustíveis e indústrias.

De acordo com o tenente Marcos Vidal, da Defesa Civil, apesar de a chuva apresentar grande quantidade de poluentes, ela ainda não é caracterizada como ácida. Para ganhar tal alcunha, o pH da água deveria ser inferior a 5, o que não estava previsto. O pH normal da chuva é entre 5 e 7.

A chuva ácida é mais comum em estados e cidades com alto grau de poluição, como São Paulo, por exemplo. Os índices da cidade são duas vezes superiores ao teto estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de acordo com levantamento da própria organização que reúne dados de três mil cidades em todo o mundo.