Pacientes correm risco de morte por falta de remédio, denuncia aposentado


  • Criado por: Adriana Diniz
  • Postado em: 03/07/2019

Doentes cardíacos estão há mais de três meses sem receber medicação; Saúde não tem previsão para solução do problema

Pacientes cardíacos, entre operados e infartados, estão correndo risco de morte pela falta de um medicamento fundamental para o tratamento de doenças do coração. A denúncia foi feita pelo aposentado Luiz Hermógenes de Camargo, de 58 anos, que há mais de três meses aguarda pelo medicamento Selozok 50, sem uma solução dos responsáveis pela Secretaria de Saúde de Santo Antônio da Platina, que segundo ele, acusam a 19ª Regional de Saúde de Jacarezinho como responsável pela falta do remédio.

O Selozok 50 é indicado para tratamento da hipertensão arterial (pressão alta), da morbidade e do risco de mortalidade de origem cardiovascular e coronária (incluindo morte súbita). Nas farmácias, segundo o aposentado, que passou por cinco cirurgias de ponte de safena, a caixa do remédio com 30 comprimidos, suficiente para um mês, custa R$ 55.90. Ele diz que consegue comprar o medicamento, mas muitos pacientes carentes acabam ficando sem o remédio porque não tem recursos para bancar o tratamento. “É uma vergonha. Pacientes estão correndo risco de morte pela irresponsabilidade de nossos administradores!”, desabafa Camargo.

Ele conta que foi ao Centro Social Urbano na manhã desta segunda-feira (27), mais uma vez a procura do Selozok e, igualmente às vezes anteriores, ouviu das atendentes que o remédio está em falta e não há previsão de normalizar o atendimento dos pacientes cardíacos. Segundo Camargo, novamente ouviu a desculpa que o problema está sendo causado pelo governo estadual.

Luiz Camargo conta que tem 72% de seu coração comprometido pelas enfermidades e, se estivesse esperando a vontade da Secretaria de Saúde do Município, já teria morrido. Para ele, esta é a pior secretária de Saúde da história de Santo Antônio da Platina, referindo-se a titular da pasta, Ana Cristina Micó.

Camargo conta que já formalizou denúncia por duas vezes junto ao Ministério Público Estadual (MPE), mas parece que nem isso faz com que os responsáveis pela Saúde do município tomem medidas para sanar o problema.

Outra paciente, que pediu anonimato com medo de perseguição, disse que a falta de medicamentos é recorrente. Quando o paciente tem condições de comprar na farmácia, tudo bem, mas para os doentes sem condições financeiras, interrompe o tratamento. Ela disse que já formalizou denúncia na Ouvidoria Municipal, mas segundo consta, nenhuma medida foi tomada.

Absurdo

Outro absurdo envolvendo a Secretaria de Saúde está acontecendo com uma paciente que é portadora de deficiência causada por erro médico quando era criança. Amanda Alves da Silva hoje tem 24 anos, vivendo com a ajuda de equipamentos.

Embora com essa idade, Amanda, filha do casal Sandra e Paulo Alves da Silva aparenta ser uma adolescente. Ela vive desde o primeiro ano de vida presa a uma cama e, quando sai, fixada a uma cadeira de rodas, sempre acompanhada de um cilindro de oxigênio que lhe garante a vida. O quarto da jovem é quase idêntico a uma UTI hospitalar, onde passa seus dias. Ela não anda e igualmente não fala e enxerga, porém revela na face um sorriso de quem ama a vida.

Nem mesmo uma decisão judicial faz com que o Setor de Saúde municipal cumpra a determinação de enviar regularmente uma enfermeira para cuidar da menina. O advogado da família, Leonardo Góes de Almeida, deve ingressar com uma ação por não cumprimento de decisão judicial contra o município.

A reportagem procurou a secretária de Saúde, Ana Cristina Micó, e a diretora do departamento, Gislaine Galvão, para comentar as acusações, mas nenhuma delas retornou os recados deixados em suas repartições.

Por: tanosite.com