Na desordem do 'tempo da pandemia', cresce o interesse pela filosofia


  • Criado por: Adriana Diniz
  • Postado em: 18/09/2020

Faltando pouco mais de três meses para o fim de 2020, que, para muitos, foi um 'ano perdido', uma coisa é certa: nossa noção de tempo foi colocada à prova em meio ao caos da pandemia, que desorganizou as horas do dia. Vamos entender entender essa nova relação das pessoas com o tempo e descobriu que tem muita gente procurando respostas por meio de uma velha ciência: a filosofia.

 

Nesses longos seis meses que separam a vida que a gente tinha da vida imposta pela pandemia, você já teve a sensação de estar perdido no tempo? Que a sexta é igual à quarta? Pois o privilégio não é seu. De repente, fomos jogados pra dentro de nossas casas, e o passar do tempo de forma linear foi totalmente alterado.

 

Em meio à distorção das horas, a pandemia provocou um fenômeno curioso: um mergulho em questões filosóficas e da existência. Sem controle do que viam pela janela, os millennials foram pedir socorro aos gregos. A busca por cursos ligados ao tema disparou. Um deles, ‘Filosofia no tempo do agora’, da UFRJ, teve vagas esgotadas nas suas duas edições, ambas na pandemia. Uma das coordenadoras, a doutora em filosofia Juliana Monteiro fala que o fenômeno é definidor dos nossos dias e tem a ver com a intenção de organizar o que nos escapa.

 

Para se ter ideia da força da filosofia da noite para o dia, o Google Trends, ferramenta que mapeia as palavras mais pesquisadas na web, mostra um aumento significativo da busca por expressões distantes de nossa rotina, como filosofia, existencialismo, estoicismo e ética. O crescimento vem desde março, coincidindo com o início da pandemia.

 

A antropóloga Betania Zanatta, que faz aulas à distância, acredita que, pela filosofia, é possível entender que a pandemia é um alerta definitivo à humanidade sobre sua forma, errada, de tocar a vida.

 

Um jovem de apenas 18 anos vem se destacando nas redes sociais falando, justamente, sobre filosofia. Audino Vilão, nome artístico do youtuber Marcelo Marques, tem conseguido um marco na pandemia: fazer com que conceitos complexos e herméticos como niilismo, Nietzsche e mito da caverna sejam traduzidas para uma linguagem direta e cheguem, em larga escala, até o subúrbio. Para isso, ele prega algo simples: a busca da felicidade, como em Aristóteles.

 

Tudo tem seu tempo: a felicidade, a dor e até as catástrofes mundiais. Aliás, não repare, hora de encerrar essa reportagem, que já estourou todos os minutos do tempo que o rádio é capaz de lhe dar.

 

Por POR JULIANA PRADO ([email protected])